É muito comum pessoas com obesidade serem aconselhadas a perder peso “só com a força de vontade”. E aqui, lembrando que o obesidade é uma doença crônica que requer tratamento, ressalto q “força de vontade” não entra no rol dos tratamentos possíveis. Vamos lá.
“Força de vontade” a princípio seria algo realizado contra seu desejo, com um objetivo maior. Assim, eu vou numa festa cheia de doces q adoro e resisto firmemente ou tenho fome à noite e vou dormir mais cedo para ver se ela passa. Isso até pode funcionar por períodos curtos de tempo, mas é impossível que funcione cronicamente, além de impactar negativamente em qualidade de vida, pois é algo feito de forma contrário aos seus desejos.
Ok, isso é diferente de motivação (há confusão entre esses conceitos), que pode funcionar melhor, em que a razão pela qual quero aquele objetivo (emagrecer) passa a ser maior que os obstáculos e consigo seguir, não à revelia, mas pois tenho percepção de benefícios. Acontece que a #motivação também tende a reduzir em algum momento, ou os obstáculos se tornam muito grandes (no caso da obesidade, muitos desses obstáculos são fisiológicos, como o próprio aumento de fome e desejo de comer). Então, você também não tratará uma doença crônica só com motivação, pois ela não é infinita, embora uma estratégia comportamental seja sim sempre buscar novos objetivos quando a motivação diminui.
É por isso que devemos buscar estratégias de longo prazo que possam ser aprendidas e usadas e não dependam de “força de vontade” e que hábitos criados possam fazer com que, com ou sem motivação, você consiga manter uma certa estabilidade. Isso significa tornar alguns hábitos automáticos, como fazer exercício físico, se pesar com frequência, ter o mínimo de alimentos para se comer com a mão em casa, evitar calorias líquidas (sucos ou refrigerantes normais), etc. E também entender que, sendo obesidade uma doença crônica, não há nada de errado em ter acompanhamento crônico, usar medicação para controle da fome (se indicado) ou considerar cirurgia (em casos de IMCs mais altos).
Achar que “força de vontade” basta é não entender nada nem de fisiologia da #obesidade nem mesmo de comportamento
Autor: Dr. Bruno Halpern – Médico Endocrinologista
Dr. Frederico Lobo - Nutrólogo Joinville
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