Nutrologia e Déficit de Atenção


Há muitas inverdades na internet sobre o diagnóstico e principalmente sobre o tratamento do Déficit de atenção.

Será que os casos de déficit de atenção estão aumentando?

Especialistas divergem sobre o tema, sendo que uma grande parte defende a idéia de diagnóstico excessivo de déficit de atenção ou que hoje diagnostica-se melhor que tempos atrás.

Hoje com a visão da neurologia e da psiquiatria infantil, percebe-se que a questão é muito mais complexa do que se pensava. Se olharmos os critérios oferecidos pelo DMS-V com certeza teremos uma legião de portadores de DDA (principalmente os com hiperatividade). Mas e daí? Será que são realmente portadores de tal patologia ou estão portadores de sintomas que compõem tal patologia?

Quando escrevo SÃO é porque há um componente genético. É aquela criança que a mãe relata que desde o período intra-útero já era inquieta e mesmo após o nascimento continuou inquieta. Há estudos de gêmeos univitelinos mostrando que quando um é portador de DDA, em 80% dos casos o outro também é, ou seja, temos uma influência genética considerável. Há também correlação entre pais portadores de DDAH e filhos “herdando” tal característica.

Quando escrevo ESTÃO é porque ao olhar pela ótica de algumas correntes, inúmeros os fatores podem levar uma criança ou adulto a apresentar comportamento que se enquadre nos critérios para diagnóstico de DDA com ou sem hiperatividade.

A questão é mais complexa ainda pois há múltiplos fatores e que muitas vezes não podemos modificar. Dentre os fatores ambientais e nutricionais podemos citar:

  • Envenenamento ambiental extenso (quando escrevo envenenamento entendam como Poluição em todos os âmbitos: atmosférica (ar), solo (uso de pesticidas e herbicidas), água, sonora, eletromagnética) estamos sendo vítima da ação de algumas substâncias que durante milênios eram desconhecidas pelo nosso organismo e que de forma abrupta entraram no nosso cotidiano. Já postei inúmeras vezes artigos que mostram correlação de agrotóxicos com DDA em crianças. Inúmeros artigos que associação aditivos alimentares a DDA em crianças. A hipótese de Feingold propõe que os aditivos alimentares como o BHT, BHA, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, induzem a hiperatividade em crianças. Feingold listou 3.000 aditivos alimentares diferentes que deveriam ser investigados. Enquanto a conclusão final do comitê consultor nacional de hiperkinesis e aditivos alimentares era a de que não há uma ligação significante entre ambos, estudos em andamento sugerem que há uma correlação definitiva e significante. Em estudos clínicos controlados, até 50% de crianças hiperativas melhoraram quando suas dietas foram alteradas, controlando a ingestão de aditivos, açúcar e eliminando possíveis alérgenos alimentares.
  • Questão nutricional: déficit de vitaminas (principalmente complexo B), ômega 3, excesso de carboidrato refinado e açúcares simples, deficiência de proteínas (baixa produção de dopamina). Com o processamento dos alimentos (muitas vitaminas por serem termolábeis se perdem) refino de alimentos (magnésio e outros minerais como o Zinco são retirados dos alimentos). Desequilíbrio da relação entre ômega 6 e ômega 3 promovendo um estado inflamatório sistêmico. Alérgenos alimentares: nunca se falou tanto em alergias alimentares e intolerâncias, entrando na velha questão: será que já existiam antes mas não eram diagnosticadas ou será que a prevalência está aumentando por alguns fatores? Fatores estes como: agrotóxicos, exposição precoce e persistente a proteínas de alimentos, transgênicos, irradiação de alimentos, alterações do sistema imunológico, disruptores endócrinos como o bisfenol-A.

Algumas condutas nutrológicas nos casos de TDAH

  • Eliminação ou redução drástica dos aditivos alimentares: São aditivos alimentares: Corantes, Edulcorantes, Conservantes, Antioxidantes, Estabilizadores, Emulsionantes, Espessantes e Gelificantes. Estes nomes são encontrados nos rótulos dos produtos industrializados que seguem as normas vigentes). Os principais ligados ao DDA são:
  • BHA e BHT,
  • Corantes ligados ao DDA e Hiperatividade:
    • Tartrazina (E102 ou C.I. 19140);
    • Verde Rápido – E142;
    • Amarelo Crepúsculo (E110, Amarelo 6 ou C.I. 15985);
    • Azul Patente V (E131);
    • Azorrubina (E122)
    • Ponceau 4R (C.I. 16255) ou Vermelho Cochineal A, C.I. Vermelho Ácido 18,
    • Escarlate Brilhante 4R (E124);
    • Vermelho 40 – Conhecido também como Vermelho Allura, Vermelho Alimentício 17, C.I. 16035 ou E129.
    • Eritrosina – E127, conhecida também pelo nome de Vermelho número 3;
    • Azul Brilhante – Também conhecido pelo nome de Azul número 1, Azul Ácido 9 ou (E133);
  • Se for utilizar alimentos com corantes, dar preferência a corantes naturais: Corante de Urucum, Carmin de Cochonilha, Corante de Cúrcuma, Corante de Clorofila, Corante de Páprica, Corante de Beterraba, Corantes de Antocianina, Corante caramelo (E150), Colorau, Chlorella, Carmim e Dióxido de titânio.
  • Salicilatos: Não há consenso na literatura, mas algumas mães relatam que seus filhos apresentam melhora quando retira-se da dieta alimentos ricos em salicilatos.
  • Fosfatos: Reduza a ingestão de alimentos ricos em fosfatos. Os fosfatos tipicamente encontrados nos refrigerantes foram relacionados com a hiperatividade muscular.
  • Alguns metais tóxicos como (alumínio e chumbo) podem ocasionar sintomas de Déficit de atenção e portanto há indicação de se solicitar o mineralograma capilar.
  • Vitaminas do complexo B: ácido fólico, B3, B12 são cruciais para a síntese de neurotransmissores relacionados ao déficit de atenção. Na vigência de déficit de alguma delas o paciente pode ter piora dos sintomas de déficit de atenção.
  • Cálcio e Magnésio: ajudam a “acalmar o sistema nervoso” e são vitais para a função cerebral normal. Em um estudo feito com 175 crianças para verificar déficit cognitivo e alterações mentais, evidenciou que a grande maioria apresentava deficiência de Magnésio. O ideal é obter tais minerais na dieta diária e quando não possível: suplementar.
  • Zinco e cobre: um estudo do estado nutricional global das crianças com TDAH apontou que a população de pacientes estudados estava sob risco de deficiência de micronutrientes, tais como o zinco e o cobre. Esses dois minerais desempenham um papel crucial na síntese de dopamina, noradrenalina e melatonina, substância que regula o sono. Um estudo realizado por pesquisadores da University of British Columbia e do Children’s and Women’s Health Centre de Vancouver, no Canadá foi apresentado durante o 56º encontro anual da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry. Nele foram avaliadas 44 crianças com diagnóstico de TDAH, cujas idades variavam entre 6 e 12 anos; as taxas de deficiência de zinco e cobre foi de 45% e de 35%, respectivamente. A pesquisadora principal, Dra. Margaret Weiss disse ao Medscape Psychiatry que “existem vários estudos com crianças que apresentam TDAH que avaliaram a ingesta de açúcar e etc., mas nenhum realmente avaliou a ingesta alimentar e os seus nutrientes entre estas crianças”. Em conjunto com o autor principal, Dr. Joy Kiddie, o estudo incluiu 44 crianças hiperativas, com idades entre 6 e 12 anos e que haviam recebido ou não o tratamento farmacológico. Destas, 17 nunca haviam feito uso de nenhuma medicação, 18 estavam em uso de estimulantes e 9 estavam utilizando a atomoxetina. A ingestão diária de alimentos foi avaliada através de anotações de três dias e da lembrança do que foi ingerido nas últimas 24 horas. As anotações incluíam avaliações a respeito da ingestão de macro e micronutrientes com base nas recomendações de ingestão diária de cada um deles. A lembrança do que oi ingerido nas últimas 24 horas foi utilizada para avaliar o percentual de nutrientes de baixa densidade ingeridos pela criança, ou o que é comumente chamado de “besteiras”. O estudo revelou que os níveis séricos de zinco estavam inferiores aos padrões normais em 77% das crianças com idade entre 6 e 9 anos, e em 67% das crianças com idades entre 10 e 12 anos. Além disso, 25% das crianças apresentavam níveis séricos de zinco inferiores ao cutoff determinante da deficiência deste mineral. 23% das crianças apresentavam níveis séricos de cobre inferiores aos padrões normais. Os pesquisadores descobriram que a amostra de pacientes estudada consumia as mesmas quantidades de proteína, carboidratos e de gordura que as recomendadas diárias e que as demais crianças. Além disso, as crianças com TDAH não consumiam mais alimentos de baixa densidade nutricional que as demais. Contudo, 40% dos pacientes ingeriam menos carne (e substitutos) que as quantidades recomendadas e apresentavam níveis inferiores de micronutrientes relacionados, que são cofatores essenciais para a produção de dopamina, noradrenalina e melatonina pelo organismo. As aferições sanguíneas dos micronutrientes replicaram os achados prévios de deficiência de zinco e revelaram, pela primeira vez, a deficiência de cobre. Além disso, os níveis plasmáticos de ferritina estavam inferiores a 50 mg/ml na maioria destas crianças, valor mínimo necessário para a sua entrada no sistema nervoso central. A Dra. Weiss comentou que “existe uma crença de que a criança com TDAH come mais besteiras do que as demais, o que não se confirmou nesta pesquisa. Contudo, nossos achados sugerem que as crianças com TDAH são nutricionalmente diferentes das demais, uma vez que elas comem menos carne, peixe e frango, e possuem níveis menores dos micronutrientes relacionados, que são essenciais para que o organismo produza dopamina, noradrenalina e melatonina”.Controvérsias à parte, um outro estudo, também apresentado durante o 56º Encontro Anual da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o Dr. Eugene Arnold e seus colaboradores da Ohio State University, em Columbus, relataram que a suplementação de zinco elementar, em comparação com placebo, não causou nenhuma diferença nos sintomas das crianças que apresentavam TDAH, após 13 semanas de tratamento. Segundo a Dra. Weiss, este estudo levanta uma série de questionamentos, uma vez que trabalhos anteriores haviam sugerido que a suplementação de zinco interferia nos sintomas deste transtorno. “Não é apenas uma questão sobre o que a criança come, mas também se elas são capazes de absorver e metabolizar o zinco, ou então se elas estão excretando este mineral em demasia. Em outras palavras: existira algum fenômeno de esgotamento do zinco?” comentou a pesquisadora. Ela disse ainda que, com base neste estudo, ainda é muito cedo para fazer qualquer recomendação clínica além de que as crianças com TDAH devam ter uma dieta adequada, que inclua quantidades apropriadas de peixe, carne e frango. Contudo, reconheceu, este pode ser um grande desafio, sobretudo entre as crianças que fazem uso de estimulantes por causa da redução do apetite induzida pelo medicamento. Ela acrescentou ainda ser importante que os clínicos com experiência na avaliação nutricional possam fornecer aos pais informações a respeito de uma boa nutrição. E disse: “tradicionalmente, a ênfase na abordagem terapêutica das crianças com DDAH se baseia no tratamento do espectro dos sintomas deste transtorno, mas também é importante abordar as questões básicas de saúde, tais como o sono, a nutrição e o crescimento. Uma boa saúde faz toda a diferença”. A Dra. Weiss relatou que fornece consultoria e/ou recebeu apoio financeiro para pesquisas da Eli Lilly and Company, Janssen, Purdue University, Shire Pharmaceuticals Inc e da Takeda Pharmaceuticals North America, Inc. American Academy of Child & Adolescent Psychiatry 56th Annual Meeting: Abstract 17.3. Presented October 31, 2009.

Apenas o médico ou nutricionista estão indicados a repor estes minerais e vitaminas. Existe um sinergismo e antagonismo entre deles, portanto não é recomendável a automedicação, pois pode agravar o problema ou gerar complicações. Como por exemplo reposição de Zinco sem outros minerais para contrabalancear.

Outras Terapias de Apoio

  • Arteterapia: saídas criativas como pintura com o dedo ou escultura podem ser uma grande ajuda para canalizar a energia e a encorajar satisfação pessoal.
  • Musicoterapia: estudo controlado descobriu que ouvir Mozart ajudava crianças com DDA. Rosalie Rebollo Pratt e colegas estudaram 19 crianças com DDA, entre os sete e dezessete anos. Eles tocavam discos de Mozart para as crianças, três vezes por semana, durante sessões de biofeedback de ondas cerebrais. Eles colocavam o 100 Masterpieces, volume 3, que incluía o Concerto para Piano n. º 21 em dó, O Casamento de Fígaro, o Concerto para Flauta n. º 2 em lá, Don Giovannie outros concertos e sonatas. O grupo que ouvia Mozart reduzia sua atividade de ondas cerebrais teta (ondas lentas que são freqüentemente excessivas no DDA) ao ritmo exato do compasso subjacente da música; e exibia melhora de concentração e controle de humor, diminuindo a impulsividade e aumentando a habilidade social. Entre os sujeitos que melhoraram, 70 por cento mantiveram essa melhora seis meses depois do fim do estudo e sem treinamento posterior. (Estas descobertas foram publicadas no International Journal of Arts Medicine, 1995).
  • Biofeedback: o Biofeedback que também é decrito como “método de treinamento psicofisiológico por meio de equipamentos eletrônicos” é uma ferramenta utilizada na pesquisa, treinamento e tratamento clínico de profissionais de instituições de referência mundial. Aspectos como o estresse, padrões de ondas cerebrais, respiração, batimentos cardíacos, tensão muscular, fluxo sanguíneo, temperatura, dentre outros são captados e filtrados. As amostras são convertidas e transmitidas ao paciente em tempo real por meio de equipamentos que treinam estes padrões.

Dr. Frederico Lobo - Nutrólogo Joinville
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