Da série: Fármacos anti-obesidade: Orlistate (por Dr. Bruno Halpern)


O Dr. Bruno Halpern, endocrinologista e referência no tratamento e pesquisa da obesidade no Brasil, recentemente começou uma série de postagens sobre os fármacos anti-obesidade.

Há muito preconceito em cima das medicações e muitos mitos como por exemplo: se parar de tomar engorda tudo novamente.

É muito fácil leigos opinarem sobre o assunto quando não possuem experiência no tratamento da obesidade. Nesses 5 anos a frente do ambulatório de Nutrologia, foram mais de 4 mil pacientes atendidos e em sua maioria obesos. Os resultados no tratamento apenas com mudanças de estilo de vida são desanimadores. Menos de 10% dos pacientes conseguem realmente emagrecer (perder gordura) e sustentar essa perda após 2 anos, apenas com adoção de dieta hipocalórica e prática diária de atividade física.

Há casos de sucesso? Sim, tenho inúmeros. Mas sejamos francos, 90% vai “fraquejar” e é aí que entram as medicações anti-obesidade. Temos no Brasil um arsenal ainda limitado, seja por não-liberação da ANVISA, seja pelo custo alto.

Portanto achei louvável essa iniciativa do Prof.Dr. Bruno Halpern, para desmistificar o uso das medicações para emagrecimento.

Apenas um adendo: virou moda nutricionista querer prescrever MEDICAMENTO para obesidade. Nutricionista não tem permissão para prescrição de qualquer medicamento. Ou seja, cabe denúncia junto ao Conselho Regional de Nutrição. Nas últimas 3 semanas meu nutricionista recebeu 3 prescrições de medicamentos feito por nutricionistas em conchavo com farmácias de manipulação. 

Att.

Dr. Frederico Lobo

ORLISTATE

Conforme prometi, vou fazer posts individuais sobre medicações para peso e começo com orlistate, já antigo mas pouco discutido hoje. O mecanismo de ação é inibir a absorção de 30% da gordura que ingerimos na refeição em que é tomado.


As razões para falarmos ouço dele são várias, cito duas:
1- é uma medicação que leva a um efeito mais sutil no peso, sem perdas rápidas, e uma eficácia total limitada, em monoterapia – variando entre 3 a 5% de perda de peso (mas em combinação pode ajudar bastante);


2- está associado a efeitos colaterais desagradáveis, como flatulência e diarréia, em pessoas que comem muita gordura.
Porém, ela apresenta algumas vantagens:
1 – é um bom “dedo-duro” da nossa alimentação: se você tem muito efeito colateral, é porque certamente ingeriu muita gordura e com isso, pode, aos poucos a comer melhor.
2 – é uma boa medicação para pessoas “hiperfágicas”, aquelas que comem poucas vezes ao dia em quantidades maiores, pois potencializará seu efeito.


3 – é uma boa medicação para uso a longo prazo, visto ter poucos efeitos colaterais graves (o que não significa que deva ser usado sem orientação e prescrição médica) e que esse efeito pequeno a longo prazo, pode ajudar a evitar a recuperação de peso.


4 – melhora, independente do peso perdido, os níveis de LDL-colesterol e glicemia (inclusive com papel em prevenção de diabetes) e talvez melhore gordura no fígado.


5 -estudos recentes com animais (ainda não podemos passar os dados para humanos) sugerem que pode até ser um inibidor de crescimento de tumores, por razões bioquímicas complexas, mas fascinantes.


?Em resumo, é uma medicação menos usada hoje em dia, mas tem suas indicações! Sempre advogo que quanto mais opções tivermos, maior a chance de encontrar a melhor opção para cada um.

?Nunca se esqueçam que todas as medicações só podem ser usadas com indicação médica! Referencio um estudo que escrevi há alguns anos, que discute a segurança da medicação (assim como da lorcaserina, que falarei em outra postagem).

Halpern, et al. Safety assessment of orlistat and lorcaserin. Expert Opinion Drug Safety 2014 #orlistate #obesidadeeutratocomrespeito #perdadepeso

Dr. Frederico Lobo - Nutrólogo Joinville
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