Meu nutricionista odeia salada! Quando pedimos nosso almoço, ele sempre me dá a dele. Já eu, sempre fui um coelho. Talvez por estímulo do meu pai, que sempre foi natureba. Então o gosto amargo nunca foi problema pra mim, como é para muitos.
Desde pequeno, fui familiarizado com a rúcula, o espinafre, o agrião… e era sempre no café da manhã. Não me esqueço que, durante a minha primeira infância, meu café da manhã era beterraba batida com agrião, laranja, maçã e própolis. Não era fã de leite, então era o que nossa babá nos dava. Resultado: hoje continuo sendo um coelho. Como salada porque gosto, não só porque precisamos.
Pensando nisso, resolvi lançar aqui um e-book de saladas (50 ao todo), ao longo de 2022. Toda semana uma salada e se der tempo, eu, Rodrigo Lamonier e o Márcio de Souza falaremos um pouco sobre os nutrientes. Toda essa empreitada, com auxílio do meu amigo Yuri Rocha (@eatnicely). Final do ano compilarei todas e lançarei o e-book gratuito para vocês. Espero que gostem e permitam-se conhecer novos sabores.
A ideia surgiu por alguns motivos:
1) Parte meu coração quando ouço um paciente falando que come salada e a salada é só alface e tomate.
2) A ingestão de fibra é muito baixa na população mundial, em especial no Brasil. Fibra é um dos nutrientes mais negligenciados. Fibras são transformadoras. Fibras são sinônimos de maior longevidade.
3) As pessoas não conseguem combinar alimentos e por isso, para ficar palatável recorrem aos molhos, quase sempre hipercalóricos e isso é um tiro no pé. O molhinho inocente tem a capacidade de aumentar muito o valor calórico da salada. Lembre-se: 1g de gordura = 9kcal. 1 g de proteína ou carboidrato = 4kcal.
4) O paciente precisa se permitir conhecer novos sabores, com atenção plena aprender a explorar a parte sensorial. Salada tem visual, aroma, textura, temperatura e pode transformar uma refeição.
5) Inúmeros trabalhos tem mostrado que começar a refeição pela salada mudará totalmente a elevação da glicemia. Quando se inicia um almoço pela salada, reduz-se o pico de glicemia e de insulina. Isso é excelente para pacientes portadores de diabetes, esteatose hepática, obesidade. Promove maior saciedade.
Sejamos francos, a grande maioria das pessoas não gostam de comer salada. Razão? Inúmeras.
1)Criação: se os pais não consomem e não estimulam os filhos, o hábito nada salutar passará de geração para geração. Pais precisam dar exemplo.
2)Preguiça: de comprar, higienizar e picar os ingredientes. Na correria do cotidiano isso pode acontecer. Realidade, males da vida moderna.
3)Paladar: se não acostumou a comer, a tendência é rejeitar. A boa notícia é que paladar é treinável.
4)Custo dos vegetais: em uma cenário de insegurança alimentar, consumir salada pode se tornar um luxo. Trabalho em um ambulatório de Nutrologia no SUS e essa é a minha realidade ao atender esses pacientes. Mas se a pessoa entende a importância do consumo de fibras, vegetais, a pessoa arruma um jeito. Vai à xepa, compra hortaliças mais baratas, reduz na carne, troca a carne por ovos.
5)Temperatura: algumas pessoas simplesmente odeiam consumir alimentos que não são quentes, principalmente em lugares mais frios. Mas até pra isso tem jeito.
6)Monotonia alimentar: há indivíduos que não sabem preparar nada além do trivial e aí essa monotonia alimentar enjoa. Comer salada de alface com tomate cansa. Brinco com meus pacientes que alface + tomate é alface com tomate e não salada. Então toda vez que você olhar pra sua geladeira e tiver só alface com tomate, lembre-se que isso não é salada. Mistura alguma coisa pra virar salada rs.
7)Sintomas desencadeados: alguns pacientes apresentam sintomas quando consomem saladas, alimentos ricos em fibras. Principalmente os que possuem quadro diarreico crônico ou intolerância a FODMAPS, Intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais. Aí o nutricionista tem o dever de tentar contornar essa situação.
Não ensinaremos apenas receitas de saladas. Falaremos sobre:
Bora comer salada?
Autor: Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM 13192 – RQE 11915 @drfredericolobo
Revisores e co-autores:
Márcio José de Souza – Profissional da Educação física – 021489-G/SC – Graduando em Nutrição @profmarciosouza
Rodrigo Lamonier – Nutricionista – CRN 14395 – Profissional da Educação física @rodrigolamoniernutri
Yuri Rocha – Empresário frente aos Temperos do Yuri e digital influencer frente ao @eatnicely
Quem pode entrar na salada?
A salada é democrática, aceita todos, mas dessa mistura pode sair uma gororoba horrível e você pode se traumatizar. Então dica 1: o bom saladeiro sabe combinar os ingredientes.
Segundo a nutricionista e culinarista Carol Morais, para uma salada ser apetitosa, ela deve aguçar os sentidos e deixar seu cérebro curioso. Em seu livro Verão para a vida toda, ela explica que uma boa salada depende de ingredientes de boa qualidade, frescos e de preferência orgânicos.
Segredos da mistura
O segredinho para fazer funcionar a mistura é pensar nas sensações baseadas em texturas e sabores. Quanto mais informações nosso cérebro recebe ao mesmo tempo mais apetitosa fica a salada. É como se o cérebro fosse uma folha de colorir e cada região pudesse ser pintada com uma cor diferente.
A cada sabor ou textura uma região recebe uma cor é por isso que a maioria das pessoas acha a feijoada um prato tão interessante. Tem o feijão, tem o molho no qual o feijão está embebido, tem as partes do porco, a picância do molho, a cremosidade (gordura) dada pela gordura do porco. Misture a isso o torresmo crocante e gorduroso. O arroz branco que puxa o molho da feijoada, a farofinha que também suga o gosto do molho. Acrescente o amargo da couve refogada, a suculência do vinagrete e finalize com as rodelas de laranja. Um arco-íris no cérebro. Várias áreas acionadas, prazer garantido. Endorfina e dopamina caminhando juntinhas.
Compreender isso é um ótimo truque não apenas para as saladas, mas para todos os pratos. Nós temos a tendência de ingerir menos aquilo que estimula poucas áreas cerebrais. Exemplo: um doce que é muito doce e não oferece diferença de sabores e texturas. Nesse caso aquela região cerebral se colore pouco e nós damos por satisfeitos após 2 colheradas. Agora imagina um doce que tem um azedinho, misturado com cremosidade e crocância. Ele desperta mais informações sensoriais, colore mais áreas cerebrais e aí você tende a comer uma quantidade maior.
Então capricha naquilo que pretende comer mais (salada) e simplifique nos pratos que pretende comer menos.
Isso não quer dizer que a salada deve ter uma lista infindável de ingredientes. Ou seja, riqueza de informações não significa muitos ingredientes. Significa poucos e bons, mas utilizados de forma inteligente e bem combinados.
Aspectos sensoriais
A base (ou caminha como preferimos denominar) poderá ser composta por folhas variadas para trazer a sensação de volume, saciedade, sabores, texturas. Você também pode ir variando de acordo com sua preferência ou mesmo pensando na harmonização com outros ingredientes.
É importante cortar as folhas com as mãos ou facas específicas de plásticos ou cerâmica, já que as facas comuns de metal alteram o sabor das folhas e elas perdem da muito da sua crocante e suculência.
As cores são indispensáveis, afinal comemos primeiro com os olhos. A digestão começa na visão e olfato, chamamos isso de face cefálica. É fisiologia digestiva pura. Essa fase da digestão constitui-se de estímulos sensoriais (olfatório, visual) mais o pensamento sobre consumo da comida, que causam aumento do fluxo parassimpático excitatório neural para todo o trato gastrointestinal (TGI). Esse fluxo parassimpático, de modo geral, causa um aumento das secreções de saliva, de suco estomacal (ácido gástrico), produção de enzimas pancreáticas. As respostas aos estímulos prévios melhoram a capacidade do TGI de receber e digerir o alimento que virá. Por isso a atenção plena (mindful eating) é tão importante quando se pensa em prazer e saciedade. Sendo assim, um prato bonito, cheio de cores, aromas bem cominados é sempre mais convidativo.
A segunda fase, denominamos de fase oral. Nela adiciona-se os estímulos mecânicos e químicos (gustação) gerados pelos componentes da salada, que causam também resposta parassimpática, pela presença dos ingredientes na boca. Na boca ocorre quebra mecânica do alimento e o início da digestão do alimento pelas enzimas presentes na saliva, como a amilase salivar e a lipase lingual. Nessa fase é importante lembrarmos da textura.
Segundo a Carol Morais, para a salada funcionar, é importante ter o famoso croc. Não é regra, mas para quem está querendo começar a comer salada, ele ajuda.
Você poderá trazer essa sensação usando alguns ingredientes crocantes como pepino, granola, castanhas chips de vegetais assados ou desidratados.
E pra finalizar tente sempre incluir um alimento ou molho que represente um sabor.
Quem pode acessar o “reino da saladela”
A caminha pode ser feita com:
Ingredientes que podem ser adicionados:
Fontes:
Autores:
Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM 13192 – RQE 11915
Revisores e co-autores:
Márcio José de Souza – Profissional da Educação física – 021489-G/SC – Graduando em Nutrição
Rodrigo Lamonier – Nutricionista – CRN 14395 – Profissional da Educação física
Yuri Rocha – Empresário frente aos Temperos do Yuri e digital influencer frente ao @eatnicely.
Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã
Promessa é dívida, então vamos começar as 50 receitas de saladas que falamos no post: http://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html
Promessa é dívida, então vamos começar as 50 receitas de saladas que falamos no post: http://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html
A escolhida é uma receita que aprendi com a Rita Lobo. Leva berinjela, castanha do pará, uva-passa e hortelã.
Mas pra que castanha do párá?
Uai, acho a castanha mais gostosa e tem selênio. É a principal fonte de selênio na verdade. Então se às vezes esquece de comer 1 castanha por dia (e isso geralmente basta, até mesmo 1/2 unidade), a salada é uma opção para você amassar (triturar no processador) a castanha e adicioná-la, dando aquela crocância, tornando a salada mais saborosa.
Essa salada dá para utilizar no almoço e jantar? Sim. Mas também dá para ser um lanche da tarde no qual você come como um antepasto. O que faço? Compro pão de fermentação natural, faço as fatias, coloco na torradeira e depois coloco a salada em cima, como se fosse um toast.
Você precisará de:
2 berinjelas
1 cebola roxa
⅓ de xícara (chá) de castanhas-do-pará picada grosseiramente ( se for só pra você, pode pegar 1 unidade, triturar e misturar no seu prato)
⅓ de xícara (chá) de uvas-passas brancas (há quem não goste, então pode tirar, caso seja desse time)
3 ramos de hortelã
3 ramos de salsinha
3 colheres (sopa) de azeite
2 colheres (sopa) de vinagre de maçã
sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
Como faremos:
Gostou? Compartilhe com quem você gosta.
Não precisa anotar, 2023 vem o e-book gratuito com 50 opções de saladas, para convencer até quem não gosta, a comer, afinal o ser humano precisa de uma boa ingestão de vegetais. Para o bem do planeta e da própria saúde.
Fonte: https://www.panelinha.com.br/receita/Salada-de-berinjela-com-castanha-do-para-uva-passa-e-hortela
Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico
O inverno chegou em algumas partes do Brasil e com isso vem sempre a mesma reclamação dos pacientes: “tá difícil comer salada com esse frio”
Mas porque os pacientes reclamam? A explicação está na temperatura das folhagens, nos ingredientes utilizados e até mesmo na textura dos ingredientes utilizados. Então vamos utilizar alguns ingredientes para “aquecerem” a nossa língua e com isso “suportarmos” as folhagens cruas.
Salada de abacate com frango cítrico
Ingredientes
Modo de Preparo
Corte o frango em tiras. Acrescente o sal, as raspas de limão e o gengibre e deixe descansar por 15 minutos. Grelhe em uma frigideira com o azeite e reserve (se quiser que continue quente, faça isso apenas após finalizar a montagem abaixo).
No prato, coloque as folhas, o abacate e os tomates. Tempere com o azeite, o vinagre e o sal. Pode acrescentar castanha de caju ou lâminas de amêndoa dourada no azeite com o objetivo de dar crocância.
Misture o frango em tiras à salada. Pronto, as folhas estarão semi-aquecidas quando entrarem em contato com o frango. Jogue o mix de pimenta em cima da salada.
Espero que gostem.
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Semana que vem tem nova receita para o inverno.
Esse post faz parte de uma série que estou montando com alguns amigos. Os posts anteriores são:
Salada 3: Salada de abóbora com cenoura, frango e amendoim
O inverno chegou em algumas partes do Brasil e com isso vem sempre a mesma reclamação dos pacientes: “tá difícil comer salada com esse frio”
Mas porque os pacientes reclamam? A explicação está na temperatura das folhagens, nos ingredientes utilizados e até mesmo na textura dos ingredientes utilizados. Então vamos utilizar alguns ingredientes para “aquecerem” a nossa língua e com isso “suportarmos” as folhagens cruas. Essa e uma explosão de betacaroteno. A Abóbora Cabotiá é um híbrido oriundo do cruzamento de duas espécies distintas de abóbora: Cucurbita máxima (moranga) e Cucurbita moschata (abóboras). É um alimento rico em carotenóides, em especial betacaroteno que depois se converte em vitamina A. Além disso é rica em Licopeno e flavonóides, substâncias com ação antioxidante.
Salada de abóbora, cenoura com cubos de frango
Ingredientes
Modo de Preparo
Cozinhe os cubos de abóbora com os de cenoura em água, sal e gengibre ralado até ficar al dente.
Após cozidos, coloque para dourar no azeite, junto com os cubos de frango, a cebola, orégano, cheiro verde e o amendoim. Salpique o gergelim por cima. Esprema o sumo de 1 limão.
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Semana que vem tem nova receita para o inverno.
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Salada 4: Salada de legumes assados
O inverno chegou em algumas partes do Brasil e com isso vem sempre a mesma reclamação dos pacientes: “tá difícil comer salada com esse frio”
Mas porque os pacientes reclamam? A explicação está na temperatura das folhagens, nos ingredientes utilizados e até mesmo na textura dos ingredientes utilizados. Então vamos utilizar alguns ingredientes para “aquecerem” a nossa língua e com isso “suportarmos” as folhagens cruas.
Salada de legumes assados
Ingredientes
Modo de Preparo
Pré-aqueça o forno em 200ºC.
Pincele azeite de oliva em uma assadeira.
Fatie a cebola em cubos como se fosse fazer vinagrete. Corte em cubos os outros ingredientes. Leve ao forno, de 10 em 10 minutos pincele azeite nos legumes. Totalizando 30 minutos. Mexa-os para não grudarem no fundo da assadeira.
Coloque os legumes em uma tigela, misture com o restante do azeite, vinagre e o queijo parmesão ralado. Tempere a gosto. Eu particularmente gosto de colocar a salsinha só depois de pronto.
Espero que gostem.
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Semana que vem tem nova receita para o inverno.
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Dr. Frederico Lobo - Nutrólogo Joinville
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